Grupo de Produção Artesanal Flor do Cerrado - semenado arte na comunidade de Samambaia - DF
Roze Mendes, figura central do grupo de produção Flor do Cerrado, tem como um de seus objetivos o desenvolvimento local da região de Samambaia, onde reside. Este grupo, que teve início no espaço da creche comunitária, cedido pelo padre, conta atualmente com a participação de quatorze mulheres, e acabou transformando-se numa Micro Empresa, como forma de garantir sua participação, sempre crescente, no mercado. A trajetória de luta das mulheres, narrada do ponto de vista de Roze, merece ser conhecida.
Assim ela começou a ensinar o que sabia, a manufatura de flores artesanais e outros trabalhos manuais. As mulheres foram aparecendo e juntando-se ao pequeno grupo inicial, e chamando sempre outras a participarem, convidando parentes e amigas para fazerem parte daqueles encontros de aprendizagem. Após as instruções iniciais, Roze começa a elaborar o seu “projeto”, pois já havia sido iniciada na linguagem e nos modelos de funcionamento daquele campo.
“Aí eu fiz um projeto, “Flor do Cerrado semeando Arte na Comunidade”, porque eu dava muito curso, e eu sozinha já não dava conta...chegou num ponto, chegava uma e eu falava assim: o que você sabe fazer? Bordar, então você vai ensinar ela a bordar, aí ela vai te ensinar a fazer flores, aí todo mundo virou instrutor, que era muita gente, não dava.”
O grande desafio para Roze era mostrar para aquelas mulheres que elas poderiam fazer algo de verdade, desenvolver um trabalho sério baseado em atividade artesanal, que essa possibilidade estava em suas mãos. Ela percebeu que a maioria delas entrava e saída do grupo de trabalho sem ser tocada pela visão das possibilidades que estava diante dos seus olhos. Percebeu também que somente algumas das mulheres participantes encaravam seriamente o artesanato como atividade economicamente viável e tratavam o assunto com a seriedade que ele merecia. Para ela, apenas as “mulheres que tinham sonho” de aprender coisas novas e crescer, sonho de mudar a sua vida, somente essas poderiam se engajar seriamente no projeto e levar adiante o desafio. Roze acredita na força dos sonhos, que impulsionam a mulher para a luta, e foi buscando reunir “as mulheres que tinham sonho” que ela formou o grupo Flor do Cerrado.
Extraído de:
"De Bonecas, Flores e Bordados: investigações antropológicas no campo do artesanato em Brasília". Tese de Doutorado. Brasília, UNB, 2008.
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