Brasília
“Deste planalto central,
desta solidão que em breve se transformará em cérebro
das altas decisões nacionais,
lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país
e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável
e uma confiança sem limites no seu grande destino".
(Juscelino Kubitschek, 02 de outubro de 1956,
conforme se encontra num monumento na Praça dos Três Poderes)
Numa tarde de quarta-feira, eu sigo de carro pela Via Estrutural, passando o posto de gasolina eu dobro à direita e subo...seguindo a indicação que me foi dada. Passando o posto da Polícia Rodoviária eu entro à direita novamente e já cheguei na Samambaia. Depois pra voltar é só fazer a mesma coisa, sendo que tudo ao contrário...lá pelas tantas me deparo com uma rotatória, com três entradas possíveis. E agora? Para que lado fica Brasília? Eu estaciono o carro numa madeireira para perguntar aos homens que estavam ali pela frente: “pra que lado fica Brasília?” Eles me olham intrigados: “Aqui é Brasília.”
O mais curioso para mim foi que, embora estivéssemos nos referindo a coisas diferentes, nenhum de nós estava errado, pois tanto o Plano Piloto quanto à região do seu entorno acabam sendo chamados de Brasília.
Para tentar explicar resumidamente as diferentes acepções do termo encontradas, Brasília pode ser definida como a Região Administrativa número I, que corresponderia ao Plano Piloto, ou seja, Asa Sul, Asa Norte e região Central. Pode também ser entendida como a soma da área urbana das 28 regiões administrativas. Considerando que essas duas definições, além de uma série de outras, são amplamente empregadas para designar a cidade, podemos dizer que o Plano Piloto seria a definição mais estrita do termo, ao mesmo tempo em que o sentido amplo do termo “Brasília” significaria incluir todas as 28 regiões administrativas.
É esse sentido mais amplo do termo que adoto quando me refiro às “artesãs de Brasília”, pois é assim que aparece em campo. Muitos dos relatos das mulheres sobre quando vieram morar em Brasília, por exemplo, empregam esse sentido amplo do termo. Quando uma informante me conta “Sempre morei em Brasília. Nasci na Ceilândia e depois que casei mudei pra cá, pra Samambaia”. Quando aparecem na televisão e nas revistas, igualmente, as artesãs de Brasília se referem ao lugar onde moram como Brasília, e as reportagens a seu respeito tratam do artesanato produzido na capital, em Brasília.
Diante disso, não há muito mais que argumentar.
Para ler mais sobre Brasília e suas regiões administrativas, e sobre a confusão entre os termos que as designam, ver a Tese
"De Bonecas, Flores e Bordados: investigações antropológicas no campo do artesanato em Brasília", Brasília, UNB, 2008, pág. 24.
2 comentários:
Oi amiga! Como a gente não conseguiu conversar passei por aqui pra xeretar sobre teus interesses sobre a tua tese...quero ficar por dentro, né? hehe
bj
Melissa
Inclusive, esqueci todas as vírgulas...
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