"De Antropólogo, todo mundo tem um pouco"
Aline Sapiezinskas
Não é de hoje que a diversidade dos costumes atrai e fascina. Cada vez mais as pessoas parecem dispostas a pegar a mala, largar tudo e viajar o mundo. Conhecer terras distantes, habitadas por povos de costumes estranhos, falando línguas complicadas. Um gosto pela aventura, que existe em cada um de nós, alimenta o interesse pelo exótico. Com a globalização e a internet, mesmo sem sair de casa, recebemos a influência de partes distantes do globo.
O contato com um modo de vida diferente do nosso provoca de início curiosidade e em seguida um certo estranhamento. Aquela sensação de que não existe uma explicação para as coisas. Elas são como são. O mais interessante, porém, é que a observação e o reconhecimento da diferença cultural tende a provocar um reflexo em nós, que nos leva a olhar para nós mesmos de um modo diferente. E nos permite encarar os valores da nossa própria sociedade com maior clareza.
Pela observação da diversidade das culturas e pelo estranhamento das diferenças de comportamento e modo de vida dos outros, acabamos nos dando conta de quem somos nós de fato. Mais do que isso, acabamos percebendo que elementos, concretos, contribuem para nos transformar naquilo que somos. Pode-se dizer que precisamos mesmo desse contraste, para que possamos nos descobrir por inteiro.
A diversidade hoje em dia não esta tão distante de nós. Não precisamos de novelas ou de longas viagens para nos depararmos com a diferença. Ela está no nosso dia-a-dia e se revela nas escolhas que fazemos, na roupa que vestimos, na música que ouvimos, nos locais que frequentamos. Nas cidades cohabitam muitas tribos. Basta olhar ao redor.
Morando na Alemanha, observo, diariamente e não sem algum espanto, quem são os alemães. Estranho comerem salsichas com as mãos, na rua mesmo. Surpreendo-me com os cabelos multicoloridos e as roupas unissex. Me chama a atenção que os apartamentos quase não tem banheiros e que todo mundo tira o sapato antes de entrar em casa. Vejo com curiosidade como amam andar de bicicleta e tomar sol, unindo as duas coisas ao andar de bicicleta sob o sol até desmaiar, não raro indo parar no hospital. Me impressiona também como tudo é organizado e explicadinho, o que inspira até certa simpatia. Mas outras pessoas estranhariam outras coisas. Um indiano não se impressionaria com a falta de banheiros nas casas ou o sapato do lado de fora. Um caribenho não deve estranhar o amor ao sol. Uma feminista francesa não achará nada de mais nas roupas unissex. Tudo parece depender, afinal, do observador.
Nesse processo todo, independentemente dos fatores que se resolva observar, o que tem relevância e significado fundamental é o fato básico de que dentro da diversidade existe a diferença, e que precisamos lidar com ela. Ter consciência de quem somos nós, e de que as diferenças existem é o primeiro passo no sentido da tolerância e do diálogo. Precisamos reconhecer quem somos nós, nossa identidade, com suas forças e fraquezas, tanto como indivíduos quanto como grupo dentro da sociedade, para então partirmos para um diálogo aberto que nos permita conhecer o outro, aquele que é diferente de nós, e respeitá-lo. Conviver com a diversidade cultural é aprender a respeitar as diferenças.
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Não é de hoje que a diversidade dos costumes atrai e fascina. Cada vez mais as pessoas parecem dispostas a pegar a mala, largar tudo e viajar o mundo. Conhecer terras distantes, habitadas por povos de costumes estranhos, falando línguas complicadas. Um gosto pela aventura, que existe em cada um de nós, alimenta o interesse pelo exótico. Com a globalização e a internet, mesmo sem sair de casa, recebemos a influência de partes distantes do globo.
O contato com um modo de vida diferente do nosso provoca de início curiosidade e em seguida um certo estranhamento. Aquela sensação de que não existe uma explicação para as coisas. Elas são como são. O mais interessante, porém, é que a observação e o reconhecimento da diferença cultural tende a provocar um reflexo em nós, que nos leva a olhar para nós mesmos de um modo diferente. E nos permite encarar os valores da nossa própria sociedade com maior clareza.
Pela observação da diversidade das culturas e pelo estranhamento das diferenças de comportamento e modo de vida dos outros, acabamos nos dando conta de quem somos nós de fato. Mais do que isso, acabamos percebendo que elementos, concretos, contribuem para nos transformar naquilo que somos. Pode-se dizer que precisamos mesmo desse contraste, para que possamos nos descobrir por inteiro.
A diversidade hoje em dia não esta tão distante de nós. Não precisamos de novelas ou de longas viagens para nos depararmos com a diferença. Ela está no nosso dia-a-dia e se revela nas escolhas que fazemos, na roupa que vestimos, na música que ouvimos, nos locais que frequentamos. Nas cidades cohabitam muitas tribos. Basta olhar ao redor.
Morando na Alemanha, observo, diariamente e não sem algum espanto, quem são os alemães. Estranho comerem salsichas com as mãos, na rua mesmo. Surpreendo-me com os cabelos multicoloridos e as roupas unissex. Me chama a atenção que os apartamentos quase não tem banheiros e que todo mundo tira o sapato antes de entrar em casa. Vejo com curiosidade como amam andar de bicicleta e tomar sol, unindo as duas coisas ao andar de bicicleta sob o sol até desmaiar, não raro indo parar no hospital. Me impressiona também como tudo é organizado e explicadinho, o que inspira até certa simpatia. Mas outras pessoas estranhariam outras coisas. Um indiano não se impressionaria com a falta de banheiros nas casas ou o sapato do lado de fora. Um caribenho não deve estranhar o amor ao sol. Uma feminista francesa não achará nada de mais nas roupas unissex. Tudo parece depender, afinal, do observador.
Nesse processo todo, independentemente dos fatores que se resolva observar, o que tem relevância e significado fundamental é o fato básico de que dentro da diversidade existe a diferença, e que precisamos lidar com ela. Ter consciência de quem somos nós, e de que as diferenças existem é o primeiro passo no sentido da tolerância e do diálogo. Precisamos reconhecer quem somos nós, nossa identidade, com suas forças e fraquezas, tanto como indivíduos quanto como grupo dentro da sociedade, para então partirmos para um diálogo aberto que nos permita conhecer o outro, aquele que é diferente de nós, e respeitá-lo. Conviver com a diversidade cultural é aprender a respeitar as diferenças.
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http://www.clicrbs.com.br/especial/br/portal-social/conteudo,0,4379,De-Antropologo-todo-mundo-tem-um-pouco.html
2 comentários:
... lembra quando cheguei em Brasília?! afff... era como q um outro planeta p/ mim. Sentia-me como numa cena do "5o. elemento" ou de "MIB - homens de preto", em meio a tantos "extraterrestres"... o tempo passou, adaptei-me ao novo ambiente, aprendi a aceitar o diferente e hj faço parte dessa fabulosa diversidade :)
bj bj bj
ps.: eu gosto do jeitinho alemão de ser ;)
O ser humano sempre se adapta, temos essa capacidade. Mas isso não torna as coisas mais fáceis, né?
Adaptar-se a novas realidades exige sempre esforço e envolve um certo desgaste. É bom ampliar o horizonte e poder ver as coisas de um outro ângulo, né? A gente aprende.
No fim das contas, antropologia tb é o estranhamento de todas essas coisinhas da vida da gente.
Adoro os comentários! Obrigada Arie!
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