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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Museu da Arte Popular de NY

Em visita ao Museu da Arte Popular de Nova Iorque me deparei com uma colcha de retalhos num modelo muito parecido com aquelas que são feitas no Brasil, pelas artesãs das comunidades com quem trabalhei em Brasília.

De modo semelhante ao trabalho das artesãs brasileiras, a colcha que estava exposta no museu também continha uma narrativa sobre a vida do artesão que a confeccionou. Composta em patchwork, a colcha fala do universo do artesão em cada detalhe, como por exemplo nas plantas cultivadas, espécies locais, os animais e o modo de trabalhar a terra.  Não havia questionamento sobre a condição de arte do objeto.


Observe na foto:


e compare com a brasileira:



O bordado de Brasília aborda temas semelhantes, mas é feito num estilo próprio, sem as molduras do patchwork ou o formato Quilt das colchas de herança cultural inglesa. As cenas elaboradas para a narrativa são separadas pelos caminhos da própria estrada, que é a estrada da vida.

A imagem da estrada é sempre recorrente nos bordados de Brasília, devido ao próprio fato de se tratar de uma cidade que abriga migrantes, oriundos de diversas regiões do Brasil. O elemento de desterritorializacnao e mudança os une. O trabalho manual contribui no processo de reinvenção de si mesmo na adaptação a nova realidade e ao novo contexto social. A narrativa é a própria elaboração subjetiva de uma história pessoal, que se repete, com diferente e variada riqueza de detalhes, nas Marias, Terezas, Irenes, Ivonetes, Jovencas, e tantas mulheres de coragem.

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